No final de Março, realizámos uma viagem a Troyes, no âmbito da geminação com o Clube desta cidade, a convite da Direcção do Clube de Troyes.
A cidade de Troyes situa-se a sudeste de Paris e diretamente a sul de Reims, sendo a capital do departamento de Aube, região do Grande Leste, nordeste da França. A cidade é a capital histórica de Champagne.
Troyes desenvolveu-se ainda na época romana, quando era conhecida como Augustobona Tricassium. A cidade tem um rico passado histórico, desde a tribo original dos Tricasses até à libertação da cidade em 25 de agosto de 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, incluindo a Batalha das Planícies Catalaunianas, o Conselho de Troyes, o casamento de Henrique V e Catarina de França e as feiras de Champagne, para as quais vinham mercadores de toda a cristandade.
O fabrico de têxteis, desenvolvido a partir do século XVIII, tem sido uma parte importante da economia de Troyes. Troyes continua a ser atualmente a capital francesa do têxtil, tanto para a produção como para a comercialização de produtos têxteis, nomeadamente através das suas numerosas lojas de fábrica concentradas em dois locais nos arredores da cidade. A Lacoste, conhecida marca, tem a sua sede de produção na cidade.
O Coração de Troyes é uma escultura, da autoria dos artistas locais Michèle e Thierry Kayo-Hoüel, que rapidamente se tornou o novo emblema da cidade, no cais renovado ao longo do antigo canal. Trata-se de uma obra de arte verdadeiramente elegante, que desmente o seu peso real (2 toneladas), uma peça emotiva, que brilha a vermelho à noite quando nos aproximamos.
Este monumento simboliza o lado romântico da cidade velha. De facto, Troyes teve o privilégio de acolher os “Tribunais do Amor”, onde se decidiam as questões do amor e do coração e se arbitravam os litígios entre os cônjuges. Houve também uma época em que Troyes era o local de eleição para os casamentos reais, com monarcas como Luís X de França e Henrique V de Inglaterra.
A cidade possui um rico património arquitetónico e urbano, estando muitos edifícios protegidos como monumentos históricos, incluindo as casas que sobreviveram na cidade velha (principalmente do século XVI). A construção em molduras de madeira (Holzfachwerk) é um método tradicional de construção com madeiras pesadas, criando estruturas com madeiras esquadriadas e cuidadosamente ajustadas e unidas com juntas fixadas por grandes cavilhas de madeira. Se a estrutura de madeira de suporte for deixada exposta no exterior do edifício, pode ser designada por enxaimel e, em muitos casos, o enchimento entre as madeiras é utilizado para efeitos decorativos.
No Museu do Vitral, inaugurado em meados de dezembro de 2022, está-se ao nível dos olhos dos vitrais para melhor admirar a habilidade dos artesãos que os fizeram e aprender sobre o seu ofício. O Museu reúne 25 vitrais, que vão do século XII aos dias atuais. Há vitrais religiosos, é claro, mas também civis. Destaque para alguns vitrais que pertenceram à Basílica de São Dinis, nos arredores de Paris.
Das 25 igrejas que existiam anteriormente na cidade, 9 sobreviveram. A maioria delas tem vitrais, pinturas e estátuas, muitas das quais pertencem à escola de escultura de Troyes do início do século XVI.
Santa Madalena é talvez a igreja mais antiga de Troyes (século XII) e certamente uma das mais belas. Foi classificada como Monumento Histórico em 1840. É sobretudo famosa pela sua pedra jubé, verdadeira renda cinzelada, esculpida por Jean Guailde (início do século XVI) que, segundo a lenda, está enterrado debaixo dela. De notar a estátua de Santa Marta, um exemplo típico da arte troyense do século XVI, que se diz ter sido realizada pelo atelier do “Mestre das Caras Tristes”.
A notável catedral de São Pedro e São Paulo (século XIII-XVII) foi construída numa variedade de estilos góticos e, ao longo dos seus 1500 m2, tem cerca de 180 magníficos vitrais, entre os mais notáveis de França. De não perder a Casa do Tesouro, uma sala com abóbada baixa à direita da nave, que especialistas dizem ser um dos quatro tesouros mais importantes da Igreja em França. Uma inscrição na base da torre regista que Joana d’Arc, escoltando Carlos VII para a sua coroação em Reims, foi ali festejada com solenidade em 1429, depois de receber a rendição de Troyes.
O Memorial a Charles de Gaulle é um lugar de memória em torno do General de Gaulle, retratando, através da pessoa de Charles de Gaulle (1890-1970), os grandes acontecimentos históricos do século XX francês.
La Boisserie, antiga residência pessoal do General de Gaulle em Colombey-les-Deux-Églises, no Alto Marne, é um museu aberto à visitas desde 1980, cujo proprietário é seu filho, o almirante Philippe de Gaulle. A casa e o seu parque, incluindo a cerca que dá para a rua, são considerados monumentos históricos desde 6 de Setembro de 2004. Apenas parte do edifício está aberto ao público, como a sala de jantar, biblioteca e escritório.
Sendo Troyes a histórica capital de Champagne, era indispensável um passeio até Urville com visita à herdade e à Adega Champagne Drappier, com degustação de vários tipos de champanhe. Em 1808, a propriedade da família Drappier foi estabelecida em torno da abadia medieval magnificamente preservada. Hoje, é gerido por Michel Drappier e serve para armazenar e envelhecer os vinhos excepcionais que produz.
O Jantar de Gala realizou-se no Le Cellier St. Pierre, em que todas as sócias do Clube de Troyes presentes tiveram a gentiliza de no seu vestuário levaram um adorno vermelho e verde em homenagem à bandeira portuguesa. Neste jantar esteve presente Sabine Larger, fundadora do Lyceum Clube de Lisboa e nossa sócia honorária (primeira imagem abaixo, à esquerda da nossa sócia Teresa Matos).