Uma breve história de Lisboa
Habitada desde a pré-história, por Olissipo se começou a designar a cidade no tempo da ocupação romana, sendo a capital da Lusitânia. Com a queda do império romano, a Península Ibérica é conquistada pelos Visigodos; em 711 é conquistada pelos mulçumanos, que lhe dão o nome de Al-Ushbuna, transformando-a numa fortaleza. A Lisboa mulçumana é uma cidade cobiçada, pois os ricos proprietários agrícolas e comerciantes tinham-na tornado no mais opulento centro comercial de toda África e de uma grande parte da Europa. Nesta época já eram habitadas as zonas da Baixa e Alfama, então arrabaldes da cidade.
Em 1147, D. Afonso Henriques, 1º Rei de Portugal, conquista a cidade e Lisboa expande-se para além das suas muralhas, tornando-se no reinado de D. Afonso III, em 1255, a capital de Portugal e o núcleo de um importante sistema económico de trocas mercantis. A partir do séc. XV o porto de Lisboa torna-se um dos mais importantes do mundo e em 1500 na Praça do Terreiro do Paço centra-se toda a vida comercial da cidade. No séc. XVI, Portugal confirma a sua supremacia marítima, e Lisboa é uma das cidades mais ricas de todo o mundo, é o mercado para os gostos de luxo das elites de toda a Europa, sendo os lucros de todo este comércio utilizados na construção de imponentes edifícios como o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém, em estilo manuelino.
As ruas são pavimentadas com a famosa calçada portuguesa (cubos de calcário branco e basalto preto), um luxo que outras cidades europeias não poderiam pagar.
O terramoto e a Lisboa Pombalina
Em 1755, o terramoto, o tsunami e o incêndio que se seguiram destruiram completamente toda a zona ribeirinha e os bairros do Castelo e do Carmo.
A cidade que renasce é a Lisboa Pombalina, uma obra de requalificação urbanística que, ainda hoje, provoca a admiração de todo o mundo. Com ruas largas e rectilíneas, os prédios de construção em gaiola, mais resistentes aos terramotos, e assentes sobre um complicado sistema de estacas, como a Rua Augusta (que liga o Rossio, a norte, com o Terreiro do Paço, a sul), a Rua da Prata, a do Ouro, dos Sapateiros, a dos Retroseiros e a dos Correeiros, organizadas por ofícios. A Praça da Figueira, construída sobre os destroços do Hospital de Todos os Santos, passa a ser o principal mercado da cidade. Hoje no centro está a estátua de D. João I.
A Praça D. Pedro IV, mais conhecida por Rossio, onde se encontrava o Hospital de Todos os Santos, destruído com o terramoto de 1755, foi reconstruída. Em 1846 começou a ser construído o Teatro Nacional D. Maria II, que se vê ao fundo da praça, e no centro a estátua de D. Pedro IV. A Praça liga-se, através da Rua Augusta que termina com o Arco do Triunfo, à Praça do Terreiro do Paço. Situada junto ao Tejo, é uma das maiores praças da Europa, foi o local do palácio dos Reis de Portugal, durante quase dois séculos, destruído pelo terramoto, e após a sua reconstrução os edifícios que a envolvem foram utilizados por diferentes ministérios e instituições. No centro a estátua equestre de D. José, perfeitamente alinhada com o centro do Arco da Rua Augusta. O Cais das Colunas foi durante muito tempo a entrada nobre de Lisboa. No meio de toda a sua beleza também foi palco de execuções, na época da Inquisição e do assassinato do Rei D. Carlos e do príncipe herdeiro, em 1908.
No séc. XVIII, a cidade vai-se alargando “em círculos”, com centro na zona da Baixa, e surgem grandiosos edifícios como o Palácio da Ajuda (1795), a Basílica da Estrela (iniciada em 1779, em estilo barroco e neoclássico, a 1ª igreja no mundo dedicada ao Sagrado Coração de Jesus), e a Ópera de S. Carlos.
O Aqueduto das Águas Livres, com uma extensão total de 58Km, foi mandado construir por Alvará Régio de D. João V, no séc. XVIII, em 1731, destinado à distribuição de água à cidade de Lisboa. Com a grandiosa arcaria em cantaria, sobre o vale de Alcântara, formada por 21 arcos de volta perfeita e 14 em ogiva entre os quais se destaca o Arco Grande, com 65m de altura, sendo o maior arco ogival do mundo.
Após o terramoto, em 1764 o Marquês de Pombal mandou construir o Passeio Público, fechado por muros e portões e ao qual só tinha acesso a alta sociedade. O Rei D. João VI ordenou a sua demolição para que toda a população pudesse circular pelo Passeio. Depois da implantação do liberalismo, é aqui que se vai iniciar, em 1879, a Avenida da Liberdade, à imagem dos Boulevards de Paris, com estátuas de escritores e outros, o Monumento aos mortos da 1ª Grande Guerra ao longo do seu percurso com 1100m, e onde se vai instalar a sociedade mais abastada. A Avenida termina, a norte, na Praça Marquês de Pombal e inicia-se, a sul, na Praça dos Restauradores, onde se situava o antigo Passeio Público.
Lisboa no século XIX: as Avenidas Novas
Lisboa continua a crescer e, nos fins do séc. XIX, a partir da Praça do Marquês de Pombal surgem as chamadas Avenidas Novas: a Fontes Pereira de Melo, que liga a Praça do Marquês à Duque de Saldanha (herói do liberalismo com que se inicia um novo período de modernização – o da Regeneração), Avenida da República, com belíssimos palacetes dos quais hoje já poucos se podem encontrar, a Praça de Touros do Campo Pequeno (1892) em estilo neomourisco até ao Campo Grande.
É também desta época a Estação do Rossio, inicialmente chamada de Estação Central de Lisboa, inaugurada a 18 de Maio de 1890.
A Lisboa do século XX
Em 1962 iniciaram- se os trabalhos para a construção da Ponte 25 de Abril, inicialmente Ponte Salazar, sobre o rio Tejo, tendo sido concluída e inaugurada em 1966.
Na Praça do Império, onde se encontra o Mosteiro dos Jerónimos e o Padrão dos Descobrimentos, foi construído o CCB – Centro Cultural de Belém – concluído em 1992, onde se realizou a presidência portuguesa da União Europeia, sendo posteriormente adaptado a Centro Cultural (com 2 auditórios para espectáculos) e de Conferências.
Com a realização da EXPO 98, abriu-se um novo espaço para a capital, com modernos edifícios, o Parque das Nações.
Lisboa hoje
O Centro de Investigação Champalimaud, inaugurado a 5 de Outubro de 2010, centro científico e tecnológico de última geração, cujo objectivo é promover a investigação científica na área da biomedicina, em especial na do cancro e neurociências, colocou Lisboa na vanguarda da ciência mundial.
No séc. XXI Lisboa tornou-se, novamente, na cidade mais atractiva para visitar; a Praça da Figueira não é mais um mercado, os edifícios pombalinos são ocupados por hotéis, lojas e cafés, sobrevivendo a pastelaria Confeitaria Nacional, de 1829, a mais antiga pastelaria de Lisboa; a Av. da Liberdade é agora o centro das lojas de prestígio de grandes marcas internacionais, e uma das mais caras da Europa, de hotéis de luxo, escritórios, e dos bonitos edifícios do séc. XIX e início do séc. XX já poucos restam. No Terreiro do Paço já só existem alguns departamentos governamentais, os outros são hotéis, restaurantes e cafés, sendo a Praça hoje utilizada para eventos culturais e espectáculos.
Lisboa transformou-se, mas sempre “menina e moça, amada” continua a ser a cidade das sete colinas.
Cidade das sete colinas
Colina de S. Jorge ou do Castelo – onde existiram as primeiras casas que deram origem à cidade de Lisboa, abrange Mouraria, Castelo e uma parte de Alfama.
Colina de S. Vicente – abrange o bairro de Alfama e o bairro de S. Vicente.
Colina de Sant’Ana – começa na Praça da Figueira, e termina no Jardim do Torel, conhecida também como a “Colina da Saúde”, por ter o hospital de S. José construído perto do Martim Moniz, na base da colina, e outros.
Colina de Santo André – abrange a Graça e a Calçada de S. André.
Colina das Chagas – assim chamada pela Igreja das Chagas que fica no seu cume, abrange a zona do Largo do Carmo com as ruínas do Convento do Carmo, e o elevador de Santa Justa. A zona do Carmo foi a primeira a ser urbanizada; englobada na zona do Chiado, que em 1988 ficou quase completamente destruída com um incêndio, tendo levado 10 anos a sua reconstrução, com design do arquitecto Siza Vieira, é hoje um centro de comércio e uma das artérias mais movimentadas e cosmopolitas de Lisboa.
Colina de S. Roque – onde se situa o Príncipe Real, o Bairro Alto, que na vida urbanística de Lisboa marca a passagem do séc. XVI ao XVII, e onde se vai fixar muita da aristocracia portuguesa. Com imensos restaurantes e bares é, actualmente, o principal local de divertimento nocturno e ponto de encontro de diferentes culturas e gerações.
Colina de Santa Catarina – Estende-se desde o Largo Camões até à Calçada do Combro.