No dia 30 de outubro, o Clube realizou uma interessante visita guiada à exposição “Não vá o diabo tecê-las! A Tapeçaria em diálogo a partir da colecção Millennium BCP”, na Cordoaria Nacional.
Com a curadoria de Rita Maia Gomes, a exposição, numa viagem pelo universo da tapeçaria portuguesa, reúne 86 obras, 27 artistas e mais de 50 documentos “numa abordagem expositiva inédita que pretende assinalar figuras de referência, instituições e acontecimentos que constituem marcos importantes na história da tapeçaria portuguesa a partir de 1946 até à actualidade. As obras em exibição traduzem o diálogo entre o artesanal e o conceptual, expressando, através dos fios e tramas, a profundidade das emoções e as complexidades da sociedade contemporânea”.
No piso 0, encontra-se um conjunto de tapeçarias produzidas pela Manufatura de Tapeçarias de Portalegre, da Colecção do Millennium BCP, que contempla tapeçarias produzidas a partir de originais de artistas como Artur Cruzeiro Seixas, Graça Morais, Lourdes Castro, Manuel Cargaleiro, Maria Helena Vieira da Silva, José de Almada Negreiros, Júlio Resende ou Júlio Pomar, entre outros.
No piso 1, é apresentado todo um outro caminho trilhado pela história da tapeçaria, paralelamente ao trabalho desenvolvido pela Manufatura de Tapeçarias de Portalegre ao longo de 78 anos – a evolução da tapeçaria em termos de técnicas, de materiais e de possibilidades de presença espacial, não estando condicionada à parede e ao registo bidimensional, recorrendo a obras provenientes de instituições, coleções particulares e espólios de artistas.
O historial destas tapeçarias é contado desde a década de 1940 até à actualidade, com obras de Altina Martins, Alves Dias, Amândio Silva, Charters de Almeida, Eduardo Nery, Flávia Monsaraz, Gisella Santi, Helena Lapas, Isabel Laginhas, João Abel Manta, Júlio Pomar, Margarida Reis, Maria Isabel Barreno, Mário Dionísio, Paula Rego e Teresa Segurado Pavão.
“A narrativa expositiva ilustra e documenta as pesquisas e as experiências de artistas que se interessaram por explorar as potencialidades plásticas da tapeçaria – que deixa de ser exclusivamente a transposição de uma pintura, caminhando para uma tapeçaria de autor em que o artista é simultaneamente aquele que concebe e que executa”.