Dia 19 de Junho, o clube realizou um passeio a Cascais, iniciado com uma visita guiada à Casa de Santa Maria e ao farol de Santa Marta.
A Casa de Santa Maria é uma construção encomendada por Jorge O’Neill, em 1902, ao arquitecto Raúl Lino, como prenda de casamento para a sua filha D. Teresa. Enraizada na enseada de Santa Marta, foi durante 100 anos residência privada, e constitui uma das mais emblemáticas obras do arquiteto Raúl Lino, que iniciou a sua carreira precisamente no concelho de Cascais, delineando uma série de casas para alguns amigos.
No seu interior, destaca-se a articulação de uma série de elementos, ressaltando um elevado número de azulejos figurativos e de padrão, tanto de iconografia campestre como religiosa. A existência de tão rica e diversificada coleção de azulejos revela uma valia patrimonial indiscutível, visto tratar-se de repertório artístico do barroco português.
A Sala das Caravelas apresenta um tecto pintado com caravelas e cruzes de Cristo.
A Sala dos Frescos inclui um fogão angular semicircular, com a chaminé decorada por uma árvore que representa os trabalhos associados aos vários meses do ano.
A Sala dos Arcos deve a sua nomenclatura aos arcos ogivais que fazem alusão ao período artístico estimado pelo arquiteto: a época medieval.
Salão – com azulejos artísticos do século XVII e um tecto de madeira pintado a óleo, de autoria atribuída a António de Oliveira Bernardes .No tecto estão representadas figuras de atlantes, anjos e imagens da Constância e Misericórdia, duas alegorias inerentes às virtudes da Fé e da Caridade.
O farol de Santa Marta é um farol português que se localiza no Forte de Santa Marta. Trata-se de uma torre quadrangular de alvenaria, revestida com azulejos, branca, com faixas horizontais azuis e lanterna vermelha. Inaugurado em 1868, tem 20 metros de altura.
Após o almoço, fomos visitar o Museu do Mar e o Museu dos Condes de Castro Guimarães.
O Museu do Mar Rei D. Carlos está sedeado no edifício do antigo Sporting Club de Cascais, fundado em 1879 pelo então príncipe herdeiro D. Carlos. Criado por decisão da Câmara Municipal de Cascais na sequência da cedência das instalações, em 1976, o Museu do Mar foi inaugurado no dia 7 de Junho de 1992. Mais tarde, em 1997, passou a designar-se Museu do Mar Rei D. Carlos, no que constituiu o reconhecimento de um homem que amou o mar e que, através da acção nele desenvolvida, contribuiu para promover, em termos nacionais e internacionais, o território de Cascais.
De arquitectura revivalista, o Museu Condes de Castro Guimarães foi mandado construir por Jorge O’Neill a Francisco Vilaça, em 1890, e destaca-se pela Torre de São Sebastião, de características medievais.
Dez anos mais tarde, Jorge O’Neill decidiu vender o edifício aos Condes de Castro Guimarães devido a dificuldades financeiras, que o passaram a habitar a maior parte do ano. Como não tinham descendentes, em 1924 o Conde de Castro Guimarães deixou em testamento à Vila de Cascais o palácio e todo o seu recheio artistíco e bibliográfico para constituição de uma Casa-Museu e biblioteca pública, em ligação com os jardins como parque público. O Conde acabaria por falecer em 1927 e, em 12 de Julho de 1931, o museu foi inaugurado, o primeiro no concelho de Cascais.
O acervo do Museu Condes de Castro Guimarães inclui importantes pinturas; esculturas; mobiliário português, estrangeiro e indo-português; porcelanas e ourivesaria nacional e baixelas francesas provenientes da China, da Índia e do Brasil, além da Europa, entre os séculos XVI e XIX.
Outra parte importante do acervo do museu é a Crónica de El-Rei D. Afonso Henriques (1505) de Duarte Galvão, cuja página do Prólogo inclui obras do miniaturista António d’Ollanda.
Sala dos Trevos – a denominação desta sala advém dos trevos pintados que decoram o tecto desta sala, em representação do símbolo da Irlanda, país de origem dos antepassados de Jorge O’Neil, primeiro proprietário da Torre de São Sebastião. Sobressai ainda um conjunto variado de peças de mobiliário português e francês de feição neoclássica, de finais do século XVIII e início do século XIX, com peças parcial ou totalmente revestidas de dourado.
Sala da Música – sala decorada com revestimento azulejar de diferentes padrões do século XVII, com paredes forradas de damasco de cor vermelha. No tecto, profusamente decorado, distinguem-se os brasões de armas dos antepassados do Conde Manuel de Castro Guimarães. Nesta sala, autêntica galeria de retratos, podem observar-se obras de diversos autores nacionais e estrangeiros dos séculos XVII e XVIII e um conjunto de cadeiras e canapés portugueses de inspiração francesa.
Destaque ainda para um órgão com sistema tubular pneumático, que reúne um total de 1170 tubos, fabricado em Braga, em 1912, por Augusto Joaquim Claro, e mandado instalar pelo Conde de Castro Guimarães especialmente para este espaço.
Sala neo-gótica – assim designada por apresentar um tecto abobadado com nervuras, formando arcos neo-góticos com elementos manuelinos e do imaginário medieval, nesta sala sobressaem também os grandes janelões rasgados para a ampla varanda no exterior, decorada por painéis de azulejo policromáticos. Para além de dois jarrões de porcelana chinesa com os brasões dos Sobral, encontram-se expostos diversos móveis de produção nacional do século XVII, fabricados com madeiras escuras, sobretudo pau-santo, onde brilham aplicações de latão dourado.
Sala de Jantar – nesta sala, que inicialmente foi um grande terraço, sobressai uma fonte revestida de azulejo de feição arabizante, tendo-se conservado um enorme janelão de acesso à varanda com um alpendre minhoto. Actualmente, para além de se expor porcelanas da China armoriadas e baixelas de prata, a sala apresenta uma mesa de aparato integrada no serviço à francesa, no qual se expõe uma das duas baixelas em prata do Museu, constituída por um conjunto numeroso de diferentes pratos individuais e de serviço, um faqueiro, castiçais, suportes, um serviço de copos de cristal e uma terrina de porcelana chinesa.
Sala Dr. José de Figueiredo – era o antigo quarto de vestir dos condes, hoje dedicado em homenagem a este grande historiador, museólogo e crítico de arte. Sobressai ainda, pela sua qualidade e raridade, uma caixa de chá lacada, fabricada na China no século XVIII com incrustações de madrepérola.
Biblioteca – constituída pelo acervo bibliográfico legado pelo Conde de Castro Guimarães, esta coleção reúne essencialmente obras de história universal, história de Portugal, música, marinharia e romances. Destaca-se a obra mais emblemática e valiosa do acervo do Museu: o manuscrito iluminado da Crónica de D. Afonso Henriques, de Duarte Galvão, datado de 1505, no qual é de salientar a primeira representação conhecida da cidade de Lisboa, da autoria de António d’Ollanda.
Torreão e Sala de Armas – espaço dedicado à apresentação da coleção de armaria do Museu, onde se destaca o tecto ricamente decorado com os brasões de armas dos ascendentes de Jorge O’Neil.
Escritório – A pequena sala do escritório possui tecto com arcos ogivais neo-góticos e suas paredes com azulejos. O destaque da sala é o órgão portátil de grande relevância pela sua raridade, um móvel datado com a inscrição “Era de 1753” e as insígnias da ordem dos Dominicanos. Este órgão é ainda um dos exemplares em que melhor se exprimem as características da pintura acharoada portuguesa, uma tentativa de imitação da laca oriental.