O Clube realizou um interessante passeio a Viana do Castelo, Vila Nova da Cerveira e Santiago de Compostela.
Após o almoço em Viana do Castelo, visitámos a lindíssima Igreja da Congregação de Nossa Senhora da Caridade, acompanhadas pelo Presidente que nos realizou a visita guiada. A igreja, integrada no Mosteiro beneditino feminino fundado em 1510, foi reconstruida entre 1707 e 1737 em estilo barroco.
A Igreja é revestida por um formoso tecto de masseira pintado, formado por 45 caixotões, representando a “Vida de Santa Ana” e a “Infância de Nossa Senhora” (corpo da igreja) e quatro dezenas de painéis menores do que os da nave, puramente decorativos, formando o tecto da capela-mor. As paredes do templo estão revestidas de azulejos de tapete setecentistas.
Os altares laterais e o subcoro apresentam um cadeiral de talha da fundação do Convento e pintura fingindo charão, composto de trinta e seis cadeiras, sobre as quais se encontra uma magnífica talha dourada, envolvendo pinturas em tela e madeira da época representando cinco passos da vida de Cristo.
Visitámos também o Museu do Traje e o Teatro Sá de Miranda, inaugurado no dia 29 de Abril de 1885. É um Teatro à italiana, projectado por José Geraldo da Silva Sardinha, com a plateia em forma de ferradura e três ordens de camarotes, com capacidade de 400 lugares.
Em Vila Nova da Cerveira realizámos uma visita guiada à XXIII Bienal Internacional de Arte de Cerveira sob o tema “És Livre?”.
Após a visita à exposição, demos um passeio pelo centro histórico da bonita vila, onde fomos descobrindo algumas das 7 capelas da Via Sacra espalhadas pelas ruas e vielas. Visitámos a Igreja Matriz e a praça principal ou Terreiro, como lhe chamam.
Igreja de São Cipriano ou Matriz, de origem quinhentista, com um altar-mor cujo sacrário é rodeado de anjos e ladeado por dois nichos quadrangulares com esculturas representando a Adoração dos Reis Magos e a cena do Juízo Final.
Na parte da tarde, já em Santiago de Compostela, realizámos uma visita guiada à Catedral e no último dia efectuámos uma visita guiada ao lindíssimo Pórtico da Glória.
A construção da actual Catedral foi iniciada em 1075, durante o reinado de Afonso VI, e foi definitivamente consagrada em Abril de 1211 pelo arcebispo Pedro Muñiz, na presença do rei Afonso IX de Leão. A planta românica tem a forma de uma cruz latina tradicional com três corredores na nave e transeptos. De este para oeste, a nave principal tem cerca de 94 metros de comprimento no interior. O transepto é muito maior do que o habitual para uma igreja de peregrinação, medindo cerca de 63 metros de norte para sul, tornando-a a maior igreja românica de Espanha.
O Altar Maior da Catedral de Santiago de Compostela foi erguido no estilo românico do século XIII, mas nada mais resta deste altar a não ser a estátua de Santiago do Abraço. Hoje, o altar maior e a sua decoração exuberante são de estilo barroco e datam do século XVII, representando uma intervenção maravilhosa da arquitetura barroca na catedral românica. No altar-mor, Santiago é o elemento mais proeminente. Ele aparece representado três vezes no altar, cada uma representando um aspecto diferente. No topo, coroando a estrutura, está Santiago Cavaleiro, triunfante num cavalo branco, acompanhado pelas virtudes cardeais nos cantos. No espaço intermediário, encontra-se Santiago Peregrino, acompanhado pelos reis Afonso II, Ramiro I, Fernando o Católico e Felipe IV. No espaço atrás do altar, está a imagem de 1211 de Santiago Apóstolo, sentado, de pedra policromada, vestido como peregrino com uma esclavina de prata profusamente adornada com pedras preciosas, com uma cartela onde se lê “Hic est corpus divi Iacobi Apostoli et Hispaniarum Patroni” (este é o corpo de Santiago Apóstolo e Padroeiro da Espanha), a qual os peregrinos vão abraçar como símbolo de gratidão, realização e espiritualidade.
O Pórtico da Glória é um pórtico do românico realizado pelo Mestre Mateus e sua oficina, por encomenda do rei Fernando II da Galiza e Leão, para o qual lhe doou cem morabitinos anuais, entre 1168 e 1188, data que consta inscrita na pedra como indicação do seu remate. No entanto, a conclusão do conjunto demorou-se até 1211, quando foi consagrado o templo com a presença do rei Afonso IX. É constituído por três arcos de meio ponto que se correspondem com cada uma das três naves da igreja, sustentados por grossos pilares com colunas encostadas. O arco central é o maior (o dobro que cada um dos laterais), sendo o único que possui tímpano e está dividido por uma coluna central, o mainel, com a figura de Santiago.
O arco central exibe a visão apocalíptica da Jerusalém Celestial: o Cristo ressuscitado, rodeado pelos quatro Evangelistas e seus emblemas: Lucas escreve o seu Evangelho num touro, João numa águia, Marcos num leão, enquanto Mateus aparece com uma caixa, o seu coletor de impostos. Na arquivolta, os 24 anciãos do Apocalipse falam entre si, afinando os seus instrumentos (violas, cítaras, harpas, alaúdes, sanfonas) para entoar o canto da Glória.
O lado esquerdo do Pórtico é dedicado ao Antigo Testamento e ao Povo Judeu, enquanto o lado direito representa o Novo Testamento e os Gentios. O arco lateral esquerdo é sustentado por colunas representando os profetas Moisés, Isaías, Daniel e Jeremias. O arco direito, por sua vez, é dedicado ao Juízo Final, e é sustentado por figuras dos apóstolos: Pedro, Paulo, Tiago e João.
No mainel, o padroeiro da Catedral, o Apóstolo Tiago, domina a coluna central de mármore. A figura sentada de Santiago Apóstolo, com o bastão de peregrino, em forma de tau com leões nas pontas, como patrono da basílica acolhendo os peregrinos. Santiago aparece pegando num pergaminho em que está escrito “misit me Dominus” (enviou-me o Senhor).
Santiago ergue-se sobre uma coluna magnificamente trabalhada, a Árvore de Jessé, que termina num capitel policromado representando a Trindade. Deus Pai com Cristo Menino ajoelhado e com o Espírito Santo como uma pomba acima deles. Nas laterais, pares de anjos turiferários prestam-lhes homenagem.
Após o almoço em Pontevedra demos um pequeno passeio pela cidade, antes do regresso a Lisboa, tendo visitado o Santuário da Virgem Peregrina, que combina os estilos barroco e neoclássico. Foi erigida entre 1778 e 1832, segundo planos de Antonio de Souto e Bernardo José de Mier, tendo a primeira missa sido celebrada em 1792. O retábulo maior, neoclássico, foi realizado em 1789 por Melchor de Prado. A Virgem Peregrina é considerada a padroeira de todos os peregrinos que percorrem o Caminho de Santiago.